segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Retomar a subjetividade

Passei um tempo sem ter vontade de escrever nada  nem ler, nem ouvir. Acho que essa onda de informação tóxica que surgiu no período eleitoral mexeu comigo e temporariamente me fez deixar de ver graça nas coisas que eu gostava de fazer. Me decepcionei com pessoas, me indignei com coisas que vi na internet, me aborreci, me entristeci, senti medo, tive crise de ansiedade, gritei, quis bater em um monte de gente. Recebi de tias um monte de fake news bizarramente mal feitas e fiquei ainda mais pistola por ver o quanto aqueles vídeos mentirosos de kit gay com criancinhas dançando funk e glitters por toda parte eram cafona. Céus, um país derrotado pela cafonagem. 

Agora tô melhor. Voltei a ver graça na rotina, consegui me reconectar comigo mesma e com as pessoas ao meu redor. Com as minhas atividades diárias também. Tô ouvindo coisas que não tava acostumada a ouvir, assistindo paradinhas que me deixam motivada, fazendo guacamole ao menos uma vez na semana. Não é opção me distrair do que ocorre no resto do país, mas é opção aproveitar a oportunidade de viver o que me traz tranquilidade. 

Ando meio numa pira intensa de viver o presente e isso tem me ajudado muito a ter dias melhores, mesmo aqueles meio mé, sabe? Parece que tenho aprendido a respeitar até esses dias que não têm nada a me oferecer além de um almoço mais-ou-menos no restaurante universitário e uma vontade imensa de fazer vários nada. Também rolaram dias muito bons, daqueles que a gente pensa mano do céu como é bom estar vivo. Teve também uma ou outra noite chorando com saudade da vó antes de dormir  inclusive descobri que ouvir Love of my life não é uma boa ideia nessas ocasiões, a não ser que eu queira realmente curtir a choradinha. 

Esse rolê de viver o presente parece frase de camiseta, mas é muito necessário. Descobri que boa parte dos meus taquicardia eram por conta de viver pensando demais no futuro  do tipo acordar já desesperada porque não vai dar tempo de fazer tudo até a hora de dormir. Também notei que ficar presa no passado é um cocô  me culpando por coisas que disse, fiz, deixei de fazer, falar, caminhos que escolhi, enfim, um monte de fatores que simplesmente não vão mudar com a força do pensamento. Aprendi a aceitá-los. Fiz as pazes com a pessoa que um dia eu fui. 

É uma sensação muito boa me sentir presente no que eu estou fazendo, sabe? Estar escrevendo esse texto pensando somente em escrever esse texto, por exemplo, é como abraçar a mim mesma. Só abro um monte de abas de uma vez no google se eu tiver escrevendo reportagem. De resto, uma coisa de cada vez. Agora, vou fazer minha guacamole porque essa semana ainda não teve.

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